Sorry, you need to enable JavaScript to visit this website.
Oligossacarídeos do leite humano

10 evidências científicas sobre HMOs

Compartilhar

O nutricionista tem papel importante na rotulagem de alimentos, porém não apenas na realização das tabelas e informações complementares do rótulo. Na área clínica, o profissional tem a função essencial de promover a educação nutricional de seus pacientes para a compreensão adequada deste conteúdo.

10 evidências científicas sobre os HMOs

Os HMO’S, oligossacarídeos do leite humano, são os primeiros prebióticos na vida de um bebê. Você verá a seguir o efeito dos HMOs na microbiota e sua atuação na imunidade e no desenvolvimento infantil. ¹

O leite materno contém mais HMO’s do que proteínas, sendo eles o terceiro componente sólido mais abundante após lactose e lipídios. Portanto, são considerados componentes-chave para o bebê. ⁴ Sua estrutura é diferente dos galacto-oligossacarídeo (GOS) e do fruto-oligossacarídeo (FOS). Os HMOs mais encontrados são: lacto-N-neotetraose (LNnT) e o 2’fucosilactose (2’FL). ²⁻⁶

A nutricionista Nathália Almeida destaca sua importância: “As evidências demonstram vários efeitos benéficos para a saúde do lactente. Eles atuam como agentes antimicrobianos e moduladores imunológicos, pois favorecem o desenvolvimento e maturação das células imunológicas e regulam a resposta celular intestinal, capaz de prevenir a ocorrência da enterocolite necrosante relacionada à prematuridade e atua como um componente fortalecedor de barreira intestinal. Além disso, fornece efeito prebiótico seletivo e auxilia no neurodesenvolvimento e cognição das crianças. “

Metabolismo dos HMOs

Os oligossacarídeos do leite humano são metabolizados da seguinte forma no trato gastrintestinal: ¹

  • Estômago: resistência ao pH gástrico
  • Intestino:resistência às enzimas digestivas
  • Cólon: 95% permanecem íntegros no trato gastrintestinal

HMOs e o eixo microbiota-intestino-cérebro

A comunicação entre cérebro e intestino acontece por meio do eixo microbiota-intestino-cérebro, que é uma via bidirecional e complexa. É uma conexão entre a homeostase intestinal e composição microbiana com o sistema nervoso central (SNC). ⁷

A microbiota intestinal regula diversos mecanismos conhecidos por afetar este eixo. Sua composição pode alterar o perfil metabólico no intestino. Isto inclui biomoléculas neuroativas que têm influência no cérebro e suas funções. Além disso, tem o potencial de afetar e interagir com as vias neurológica, imunológica e endócrina do eixo microbiota-intestino-cérebro. ⁷

Na ausência de HMOs no lúmen intestinal, assim como na disbiose, condição em que a microbiota intestinal está desequilibrada, ocorre a proliferação de bactérias patogênicas que provocam o aumento de LPS, alterando a permeabilidade das membranas intestinal e hematoencefálica. Também atinge o cérebro, aumenta a expressão de citocinas inflamatórias e altera as funções dos neurônios. ⁷

Eixo intestino-microbiota-pulmão

O metabolismo dos HMOs e das fibras dietéticas pela microbiota intestinal geram ácidos graxos de cadeia curta. Estes, por sua vez, atingem a medula óssea e estimulam o sistema imunológico, que age em órgãos mais distantes, como o pulmão. ⁸

O acetato, por exemplo, é um dos ácidos graxos de cadeia curta que protege a barreira epitelial e não se limita ao intestino, já que fornece proteção por meio do eixo intestino-pulmão na barreira epitelial pulmonar. Há evidências clínicas sobre a participação dos HMOs, tanto o 2’FL quanto o LNnT, na proliferação de bifidobacterium, e estas contribuem para a prevenção de infecções no sistema respiratório. ⁹

Evidências científicas da atuação dos HMO em crianças

Os HMOs tem papel de destaque no desenvolvimento infantil, pois inibem o crescimento de patógenos que causam infecção. O efeito anti-adesivo, como é chamado, é a sua capacidade de ligação com vírus, bactérias e toxinas; bem como, com receptores da superfície celular, o que impede o acesso dos patógenos, além da ligação direta com patógenos, impedindo sua aderência ao epitélio intestinal.⁹

Quer entender mais da atuação dos oligossacarídeos do leite humano no organismo das crianças? Veja abaixo mais 10 evidências científicas dos possíveis benefícios dos HMO’s: ¹,¹⁰,¹¹

  1. Equilíbrio entre linfócitos T1 (imunidade por células) e T2 (anticorpos);
  2. Promoção da microbiota intestinal saudável com composição equilibrada;
  3. Possível crescimento de bifidobactérias produtoras de GABA;
  4. Possível estímulo da produção de moléculas neuroativas;
  5. Modulação do aprendizado, memória e comportamento;
  6. Desenvolvimento cerebral pós-natal;
  7. Ação indireta no aumento de ácido ferúlico - antioxidante que reduz morte neuronal;
  8. Redução do processo inflamatório intestinal e cerebral, o que protege contra déficits de cognição;
  9. Sinalização celular e eventos de reconhecimento celular que impedem a infecção;
  10. Modulação da adesão microbiana e invasão da mucosa intestinal infantil.

Os benefícios obtidos durante os primeiros anos de vida do bebê se perpetuam na idade adulta. Logo, é de extremo interesse do nutricionista clínico entender todos os componentes e fatores dietéticos que possam auxiliar na saúde infantil e qualidade de vida deste ser em todas suas fases. ¹²

“As composições dos HMO’s variam de acordo com as mães e são influenciadas pelo estágio da lactação, duração da gravidez, estado nutricional e fatores genéticos da mãe. O aleitamento materno é a melhor opção para a nutrição e o desenvolvimento do lactente. Assim, a amamentação deve ser promovida, protegida e apoiada, sempre que possível.” complementa a Natália.

 
Pediatria Nestlé Nestlé Nutrition Institute

Pediatria Nestlé é uma plataforma de Nestlé Nutrition Institute.

Acesse-a e veja mais conteúdos científicos sobre os HMOs.

 

por SPRIM Brasil

Referências:

 
  1. SPRENGER, Norbert et al. Longitudinal change of selected human milk oligosaccharides and association to infants’ growth, an observatory, single center, longitudinal cohort study. PLoS One, v. 12, n. 2, p. e0171814, 2017.
  2. NIÑONUEVO, Milady R.; LEBRILLA, Carlito B. Mass spectrometric methods for analysis of oligosaccharides in human milk. Nutrition reviews, v. 67, n. suppl_2, p. S216-S226, 2009.
  3. DONOVAN, Sharon M.; COMSTOCK, Sarah S. Human milk oligosaccharides influence neonatal mucosal and systemic immunity.Annals of Nutrition and Metabolism , v. 69, n. Suppl. 2, p. 41-51, 2016.
  4. ZIVKOVIC, Angela M. et al. Human milk glycobiome and its impact on the infant gastrointestinal microbiota. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 108, n. Supplement 1, p. 4653-4658, 2011.
  5. HALE, T. W.; HARTMANN, P. Textbook of Human Lactation, Vol. I. 2007.
  6. BAO, Yuanwu; CHEN, Ceng; NEWBURG, David S. Quantification of neutral human milk oligosaccharides by graphitic carbon high-performance liquid chromatography with tandem mass spectrometry. Analytical Biochemistry, v. 433, n. 1, p. 28-35, 2013.
  7. AL-KHAFAJI, Alia H. et al. The potential of human milk oligosaccharides to impact the microbiota-gut-brain axis through modulation of the gut microbiota. Journal of Functional Foods, v. 74, p. 104176, 2020.
  8. WYPYCH, Tomasz P.; WICKRAMASINGHE, Lakshanie C.; MARSLAND, Benjamin J. The influence of the microbiome on respiratory health.Nature immunology, v. 20, n. 10, p. 1279-1290, 2019.
  9. DOGRA, Shaillay Kumar et al. Human Milk Oligosaccharide-Stimulated Bifidobacterium Species Contribute to Prevent Later Respiratory Tract Infections.Microorganisms, v. 9, n. 9, p. 1939, 2021.
  10. WALSH, Clodagh et al. Human milk oligosaccharides: Shaping the infant gut microbiota and supporting health. Journal of Functional Foods, v. 72, p. 104074, 2020.Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S175646462030298X
  11. PLAZA-DÍAZ, Julio; FONTANA, Luis; GIL, Angel. Human milk oligosaccharides and immune system development. Nutrients, v. 10, n. 8, p. 1038, 2018. Disponível em: Nutrients | Free Full-Text | Human Milk Oligosaccharides and Immune System Development (mdpi.com)
  12. STEWART, Christopher J. et al. Temporal development of the gut microbiome in early childhood from the TEDDY study. Nature, v. 562, n. 7728, p. 583-588, 2018.

Bio Nestle