Ela desponta em estudos pela atuação em prol do intestino e no controle da saciedade.
Se observar a lista de ingredientes de alimentos como leite em pó, granola e barra de cereal, talvez você depare com a palavra polidextrose. Na formulação de produtos diferenciados, ela pode agregar uma porção de benefícios. A nutricionista Renata Juliana da Silva, coordenadora do Curso Técnico em Nutrição e Dietética Integrado ao Ensino Médio – Etec Uirapuru, em São Paulo, explica que se trata de um carboidrato que faz parte do grupo das fibras. “Quanto ao tamanho e à complexidade de sua molécula, geralmente é definida como um polissacarídeo”, diz.
“Caracterizada como sendo 90% solúvel, ela forma uma espécie de gel quando entra em contato com a água e, assim, aumenta a viscosidade e retarda o tempo de trânsito intestinal”, comenta a nutricionista Mariana Marinheiro, da RG Nutri, na capital paulista.
Trata-se de um ótimo agente de corpo, sendo empregada na composição de produtos com perfil pouco gordurosos e livres de açúcar. E, como uma de suas características é a de realçar o sabor doce, a substância contribui para a redução de calorias nas preparações. Aliás, vale destacar que seu valor calórico é de 1 kcal/grama.
A polidextrose pode ser extraída de milho, trigo, frutas, legumes, nozes, entre outros, e ajuda a incrementar a oferta de fibras no cardápio do dia a dia. O que é valioso, afinal, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) revelam que a população brasileira não consome níveis adequados de fibras. [1]
Ações no intestino
Nas últimas décadas, a polidextrose tem se destacado em estudos por sua ação em prol da saúde. Não à toa ela figura entre os compostos com alegações de funcionalidade reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.[3] “O órgão atesta que a polidextrose auxilia no funcionamento do intestino, desde que seu consumo esteja associado a uma alimentação equilibrada e ainda junto da ingestão de líquidos, principalmente água, além de outros hábitos de vida saudáveis”, ressalta Renata.
Nesse contexto, a substância é capaz de promover o aumento do volume e a melhora da consistência das fezes, atuando assim para evitar a constipação. Um trabalho publicado no periódico Nutrients detalha sua atividade na microbiota, inclusive mencionando pistas de que ajude a reduzir o risco de câncer de cólon. [4] Afinal, quanto mais rápido o trânsito intestinal, menor a exposição a agentes danosos.
Como consegue passar incólume pelas enzimas lançadas no processo digestivo, a polidextrose chega quase intacta ao intestino, onde é fermentada. Um dos resultados desse processo é a formação de ácidos graxos de cadeia curta, caso do butírico, do lático e do propiônico, um trio que zela pela parede intestinal e blinda contra infecções. A fermentação altera também o pH da região e contribui para a absorção de nutrientes como o cálcio e o magnésio, colaborando assim para a manutenção da estrutura óssea. E ainda tem ação prebiótica, ou seja, favorece a proliferação das bactérias probióticas, entre as quais bifidobactérias e lactobacilos. Como se sabe, não faltam comprovações sobre o elo entre elas e o fortalecimento do sistema imune.
Controle do apetite
A manutenção do peso saudável é mais um de seus atributos. Um trabalho publicado na revista Appetite revela que a polidextrose colabora para o aumento da saciedade. [5] Tudo a ver com o retardo na digestão que interfere com hormônios e o controle da fome. Inclusive uma meta-análise mostra que essa fibra está associada à redução do consumo de calorias. [6]
E não acabou. “Tem resposta glicêmica baixa e pode ajudar na redução dos níveis de glicose sanguínea”, comenta Mariana. Por fim, há trabalhos atestando sua atuação no equilíbrio nas taxas de colesterol.[7] Há indícios de que ajuda a inibir a síntese de colesterol no fígado.
Bem tolerada, o consumo de até 90 gramas de polidextrose por dia não traz efeitos indesejáveis. Daí ser um ingrediente aliado dos nutricionistas e bem-vindo ao cardápio dos pacientes.
Por Estúdio Abril Branded Content
Referências:
- Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. Disponível em: [https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv50063.pdf]
- Dietary Guidelines Advisory Committee. Report of the Dietary Guidelines Advisory Committee on the Dietary Guidelines for Americans, 2015. Disponível em: [https://health.gov/sites/default/files/2019-09/Scientific-Report-of-the-2015-Dietary-Guidelines-Advisory-Committee.pdf]
- Alegações de propriedade funcional aprovadas pela Anvisa. Disponível em: [https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/legislacao-1/biblioteca-de-normas-vinhos-e-bebidas/alegacoes-de-propriedade-funcional-aprovadas_anvisa.pdf/view]
- Do Carmo MMR et al. olydextrose: physiological function, and effects on health. Nutrients, v. 8, n. 9, p. 553, 2016. Disponível em: [https://doi.org/10.3390/nu8090553]
- Hull S et al. Consuming polydextrose in a mid-morning snack increases acute satiety measurements and reduces subsequent energy intake at lunch in healthy human subjects. Appetite, v. 59, n. 3, p. 706-712, 2012. Disponível em: [https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0195666312002504?via%3Dihub]
- Raza GS et al. Polydextrose changes the gut microbiome and attenuates fasting triglyceride and cholesterol levels in Western diet fed mice. Scientific Reports, v. 7, n. 1, p. 1-11, 2017. Disponível em: [https://www.nature.com/articles/s41598-017-05259-3]