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Mãe e filho

Mãe e filho: nutrição e cuidados na gravidez

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Por Regina Célia Pereira, para Estúdio Abril Branded Content

Embora algumas pessoas bem-intencionadas, mas desatualizadas, ainda insistam em sugerir que a grávida coma por dois, a ciência reforça a importância da qualidade daquilo que vai ao prato, e não da quantidade. Aliás, esse zelo deve começar antes mesmo da concepção e desde essa etapa o futuro papai também está convidado a participar. Trata-se de uma excelente oportunidade para inserir atitudes saudáveis no dia a dia. A prática de atividade física, por exemplo, ajuda a preparar o corpo para as muitas mudanças que estão por vir. “Antes de engravidar, o ideal é que a mulher esteja com o peso considerado saudável”, ressalta a nutricionista Mônica Beyruti, do Departamento de Nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Por isso mesmo, estratégias para adequar o cardápio devem ser lançadas o quanto antes.

A fase de planejamento pede uma análise minuciosa dos padrões alimentares da família. “Procuro orientar para que não faltem compostos de ação antioxidante na dieta”, conta a nutricionista Gabriela Parise, da clínica NutriOffice, na capital paulista. O trio de vitaminas A, C e E, os minerais zinco e selênio e outras substâncias encontradas em hortaliças e frutas, caso das antocianinas e dos carotenoides, cumprem com maestria esse papel. O conjunto blinda as células e pode contribuir para a fertilidade, já que reduzem os efeitos nocivos por trás do excesso de radicais livres.

Além de orientar as escolhas alimentares, com ênfase em variedade, Gabriela Parise incentiva o preparo das refeições e troca receitas com suas pacientes. “A culinária costuma melhorar a relação com a comida”, opina. Ainda na época de planejamento, os holofotes se voltam a um integrante do complexo B. “As principais diretrizes aconselham a suplementação de ácido fólico para prevenir defeitos do tubo neural”, comenta a nutricionista Carolina Pimentel, professora na Universidade Paulista (Unip). A vitamina faz muito pelo sistema nervoso e também participa da formação das hemácias, os glóbulos vermelhos. Na falta dela o oxigênio não circula como deveria.

Corpo em transformação

Durante a gestação, o corpo requer maior quantidade de uma porção de componentes. Das proteínas às gorduras benéficas, passando por vitamina B12, ferro, cálcio, entre outras tantas substâncias, numa delicada interação que promove o crescimento do bebê. É fundamental que a microbiota intestinal esteja saudável, o que contribui para a absorção de todas as vitaminas, minerais e compostos preciosos. Dá-lhe, portanto, grãos integrais, probióticos, hortaliças, frutas – e muita hidratação.

São cerca de 40 semanas em que intervenções nutricionais efetivas imprimem efeitos que podem impactar o futuro. No ventre materno, o corpo humano fica bastante suscetível. “É um período de maior plasticidade, já que os sistemas biológicos estão em plena evolução”, descreve o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Tem tudo a ver com os ensinamentos do epidemiologista inglês David Barker (1938 – 2013). Barker foi um dos primeiros a afirmar que o recém-nascido de baixo peso é um candidato à obesidade com o passar dos anos. Uma das hipóteses é de que o organismo aprende a lidar, desde a fase intrauterina, com uma situação de escassez constante. Quando o feto não recebe nutrientes a contento, ele passa a utilizar qualquer ínfimo suprimento como reserva de energia. Ou seja, não desperdiça nada. E esse mecanismo de defesa favorece o acúmulo de quilos extras na infância e costuma se estender com o passar dos anos. Pesquisas posteriores chegaram para comprovar que aquilo que acontece no útero pode perdurar por toda a vida. A desnutrição na gravidez também parece ter um elo com a hipertensão nos filhos.

Quando a mulher tem consciência de que precisa suprir as demandas nutricionais, a alimentação tende a ser mais saudável. Gabriela Parise lança mão do mindful eating para resgatar o prazer de comer e espantar neuras. O conceito remonta ao mindfulness e suas práticas de meditação milenares do mundo oriental. Trabalhos mostram que a técnica contribui para a redução dos excessos alimentares ao atenuar o estresse na gravidez. [1] “O mindful eating ajuda a trazer o foco para as sensações corporais e emocionais”, diz Gabriela. Tais experiências melhoram a sensibilização do paladar.

Rodízio de sabores

Por falar em gostos, pesquisas revelam que a variedade do cardápio colabora para uma maior exposição do bebê aos sabores – via fluidos amnióticos – e favorece a aceitação de alimentos mais adiante. Daí que, futuramente, a tarefa de apresentar e incluir no prato do filho os itens saudáveis, caso de verduras, legumes e frutas, pode ser descomplicada se for iniciada ainda na gestação. Mais um motivo para insistir com o rodízio de ingredientes que compõem a dieta. Nada de monotonia à mesa. “Há espaço para todos os grupos alimentares, respeitando as preferências e a cultura de cada uma”, destaca Gabriela.

Um estudo realizado por cientistas noruegueses, publicado na revista médica BMJ Open, analisou 18 grandes pesquisas e comprovou que a diversidade do prato, durante a gravidez, colabora para o desenvolvimento neurológico da criança. [2] Os especialistas encontraram indícios de um bom impacto no aprendizado dos filhos daquelas que comiam melhor, embora ainda não exista uma explicação por trás disso.

E, sempre que se fala em cognição, o ômega-3 é um dos primeiros a ser mencionado, especialmente sua denominação DHA (Docosahexaenoico). “Existem evidências de seu papel em prol de diversas estruturas do sistema nervoso em formação”, diz Durval Ribas. Sem contar que ele contribui para a circulação sanguínea da gestante. Há ainda estudos mostrando que o DHA pode ajudar a reduzir a ameaça de parto prematuro. [3] Uma vantagem bem-vinda, afinal, quanto mais tempo o bebê ficar no ventre materno, menor o risco de intercorrências.

Outra aliada nesse sentido parece ser a vitamina D, mas ainda faltam pesquisas mais robustas para atestar tal feito. Seu papel na formação do esqueleto do bebê, todavia, já está muito bem estabelecido – o nutriente faz dobradinha com o cálcio na mineralização dos ossos. Por isso mesmo, é fundamental garantir que a gestante esteja com níveis adequados de ambos. O cálcio também desponta em estudos como defensor contra a perigosa pré-eclampsia, mal que eleva a pressão durante a gravidez. [4] Existem pistas de que propicie uma melhora na elasticidade dos vasos.

Aleitamento protegido

Os cuidados com a nutrição da mãe devem se estender depois do parto para garantir seu bem-estar, com destaque para a fase da amamentação. Com aporte nutricional adequado, ganha o bebê, que vai ter à sua disposição o melhor e mais especial alimento. E ganha a mamãe, que mantém seu organismo blindado.

Outra vez o ferro merece atenção, porque há perda de sangue no parto e as reservas desse mineral tendem a baixar. Zinco, selênio, vitamina C e dezenas de outras substâncias não podem faltar em um mix que zela pela imunidade e pela saúde como um todo. O ômega também precisa ter seu lugar no pós-parto. Há indícios de ganhos cognitivos ao bebê que recebe leite materno com doses adequadas de DHA. [5]

Por fim, não custa salientar, uma excelente pedida é incentivar a criação de uma rede de apoio à mulher. É uma estratégia para atenuar a sobrecarga emocional e que ajuda a lidar com inseguranças e com problemas na fase de aleitamento. Ela precisa saber que tem parceiros para todos os momentos.

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Referências:

  1. [1] Vieten C, Laraia BA, Kristeller J, Adler N, Coleman-Phox K, Bush NR, Wahbeh H, Duncan LG, Epel E. The mindful moms training: development of a mindfulness-based intervention to reduce stress and overeating during pregnancy. BMC Pregnancy and Childbirth. 2018. Disponível em [https://bmcpregnancychildbirth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12884-018-1757-6]
  2. [2] Borge TC, Aase H, Brantsæter AL, Biele G. The importance of maternal diet quality during pregnancy on cognitive and behavioural outcomes in children: a systematic review and meta-analysis. BMJ Open. 2017. Disponível em [https://bmjopen.bmj.com/content/7/9/e016777]
  3. [3] Middleton P, Gomersall JC, Gould JF, Shepherd E, Olsen SF, Makrides M. Omega-3 fatty acid addition during pregnancy. Cochrane database Syst Rev. 2018. Disponível em [https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003402.pub3/full]
  4. [4] Hofmeyr GJ, Lawrie TA, Atallah AN, Duley L, Torloni MR. Calcium supplementation during pregnancy for preventing blood pressure disorders and related problems. Cochrane database Syst Rev. 2018. Disponível em [https://www.cochrane.org/CD001059/PREG_calcium-supplementation-during-pregnancy-preventing-blood-pressure-disorders-and-related-problems]
  5. [5] Lassek WD, Gaulin SJ. Maternal milk DHA content predicts cognitive performance in a sample of 28 nations. Matern Child Nutrition. 2013. Disponível em [https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/mcn.12060]

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