Sorry, you need to enable JavaScript to visit this website.
Enxaqueca e nutrição

A nutrição no tratamento da enxaqueca

Compartilhar

O papel dos nutrientes na enxaqueca merece ser estudado, já que este tipo de dor de cabeça atinge mais de um quarto da população. Certamente você já teve algum paciente que sofre com crises. Você sabe como usar a nutrição a favor destes casos?

A enxaqueca, conhecida cientificamente como migrânea, parece acometer mais mulheres em fase reprodutiva (17,2%) do que homens (6%), com pico entre 30 e 50 anos. Os dados mostram uma possível relação com alterações do ciclo feminino e a enxaqueca. ¹

LEIA TAMBÉM: 6 micronutrientes na saúde da mulher

Parte do grupo das cefaleias primárias, a enxaqueca é apresentada na literatura como uma síndrome neurovascular. Manifesta-se como um estado de hiperexcitabilidade do cérebro, de frequência variada com características episódicas e recorrentes de crises com aura, uni ou bilateral e pulsátil. É uma dor moderada a severa, podendo se apresentar por horas a dias e prejudicar a rotina e qualidade de vida. ¹

A mediação de serotonina, a inflamação neurogênica, uma possível relação com quadros de depressão, a ativação do sistema trigeminovascular e a vasodilatação induzida por óxido nítrico podem estar envolvidas no evento. Veja como a nutrição pode influenciar positivamente no tratamento da enxaqueca. ¹

Fatores dietéticos que podem desencadear

Alguns fatores dietéticos são considerados desencadeantes dos eventos, sendo que 50% são de componente genético com uma provável hereditariedade multifatorial poligênica. ¹

Os principais fatores dietéticos notados como possíveis gatilhos de episódios são: ¹

  • Jejum ou horário irregular de refeições
  • Abstinência de cafeína
  • Ingestão de frituras ou alimentos gordurosos
  • Hidratação deficiente

+ Ferramenta para consultório: Incentive seu paciente a beber água

Carga glicêmica

Outro fator dietético que pode ter relação com a enxaqueca é a carga glicêmica da dieta. Sabe-se que a pressão arterial elevada pode gerar dores de cabeça e parâmetros de pressão arterial, bem como porcentagem de gordura corporal, IMC, colesterol total e frações (LDL e HDL) e triglicérides, caem significantemente com uma dieta de baixo índice glicêmico. ²

Eixo microbiota-intestino-cérebro

A interação entre enxaqueca e eixo microbiota-intestino-cérebro é influenciada por fatores como: mediadores inflamatórios (IL-1β, IL-6, IL-8 e TNF-α), perfil de microbiota intestinal, neuropeptídeos e via serotonina, hormônios do estresse, carências e/ou excessos nutricionais.³

Funções cerebrais como cognição, comportamento e nocicepção estão sob a influência do sistema intestinal. A disfunção do eixo microbiota-intestino-cérebro tem sido implicada em uma série de distúrbios neurológicos, incluindo a enxaqueca. Alguns distúrbios gastrointestinais também estão associados com a doença, como: infecção por Helicobacter pylori, síndrome do intestino irritável e doença celíaca. ³

Portanto, faz-se necessário cuidar do intestino do paciente com enxaqueca. As dores de cabeça podem ser melhoradas por abordagens dietéticas com efeitos benéficos na microbiota intestinal e no eixo microbiota-intestino-cérebro, o que inclui: consumo adequado de fibras, planos alimentares com baixa carga glicêmica, suplementação com vitamina D e ômega-3. ³

5 nutrientes para enxaqueca

A boa nutrição pode contribuir positivamente para a qualidade de vida e saúde dos pacientes. Alguns nutrientes merecem atenção para este grupo de pessoas que sofrem com enxaquecas.

A nutricionista Itamara Belluzo diz que: “o suplemento diário fundamental é o ômega 3. Não só para o quadro de enxaqueca, mas para outros fatores que potencializam a melhora. Gosto bastante também do triptofano e da coenzima Q-10. Já a suplementação de vitamina D, suplemento apenas diante de exames que comprovem sua baixa“. Veja a seguir como atuam alguns destes nutrientes:

1. Ômega 3

Visto que a enxaqueca é uma desordem causada pela liberação de neuropeptídeos pró-inflamatórios, o ômega 3 pode contribuir positivamente contra as crises de dor por sua ação anti-inflamatória, ⁴ já que:

  • tem ação neuroprotetiva;
  • produz efeitos positivos sobre as reações inflamatórias e a produção de citocinas;
  • pode ser utilizado para combater a inflamação neurogênica, a causa da cefaleia da enxaqueca;
  • reduz a liberação de serotonina pelas plaquetas;
  • relaxa os vasos sanguíneos, agindo no tratamento profilático da enxaqueca.

A suplementação conjunta de ácidos graxos ômega 3 e 6 mostrou-se eficaz para reduzir a duração e frequência das cefaleias quando comparado ao suplementado apenas com ômega 6. ⁶

2. Vitamina D

O cérebro tem uma abundância de receptores de vitamina D e sua deficiência está associada aos distúrbios neurológicos crônicos de depressão e dor. As evidências do papel da vitamina na inflamação também podem contribuir para o quadro. Notou-se que pessoas com falta da vitamina têm mais dias no mês com dor de cabeça típica das enxaquecas. Certos estudos mostram estes efeitos apenas em mulheres, mas não em homens. ⁷

A suplementação de vitamina D em pacientes com enxaqueca está associada a um número substancialmente menor de dias com dor de cabeça. Além disso, a frequência dos ataques e a gravidade da dor foram menores, bem como o escore de Avaliação de Incapacidade para Enxaqueca, concluindo-se que o nutriente é eficaz e deve fazer parte do tratamento. ⁸

3. Triptofano

Há associação negativa de triptofano e enxaqueca, identificada por níveis baixos de serotonina, enquanto as concentrações aumentam significativamente durante os períodos de dor. Por este motivo, destaca-se a relevância da ingestão adequada de triptofano na regulação da homeostase da serotonina e efeito subsequente sobre os ataques de enxaqueca. Portanto, garantir a ingestão do aminoácido também pode ser um fator positivo para diminuir as chances de desenvolver enxaqueca. ⁹

4. Coenzima Q10

A coenzima Q10 é outra substância estudada na enxaqueca: ¹⁰

  • A relação do metabolismo mitocondrial na fisiopatologia da migrânea ainda não é clara, mas parece existir e co-Q10 é um co-fator essencial para as mitocôndrias.
  • Melhora a função cardíaca e o fluxo sanguíneo.
  • É um antioxidante.
  • A suplementação de coenzima Q10 pode diminuir a frequência de crises de migrânea.

SAIBA MAIS: Benefícios da suplementação de coenzima Q10

5. Magnésio

O magnésio é um mineral envolvido em diversas funções celulares e sua deficiência pode influenciar na patogênese da enxaqueca por causar:

  • depressão cerebral alastrante, já que o micronutriente tem papel relevante na síntese de serotonina, neurotransmissor que, em falta, pode trazer consequências para o sistema nervoso, como depressão.
  • alteração da liberação de neurotransmissores, como glutamato;
  • hiperagregação plaquetária. ¹¹

Dado este papel multifacetado do magnésio na migrânea, o seu uso tem sido pesquisado, tanto no tratamento agudo quanto preventivo. A suplementação com magnésio mostrou redução na frequência das crises de migrânea. ¹¹

Portanto, o nutricionista deve estar atento às possíveis deficiências de nutrientes essenciais, incluindo vitaminas, minerais e ácidos graxos, para manter o status adequado em pacientes com crises de enxaqueca aguda ou crônica, e assim, melhorar sua qualidade de vida.

 
Pure
        Encapsulations® Pure Encapsulations®​ | Nestlé Health Science​: linha de produtos hipoalergênicos, com alto grau de pureza, para atender as mais diversas necessidades de seus pacientes.​ Suplementos com ingredientes de alta biodisponibilidade e clean label.

por SPRIM Brasil

Referências:

  1. [1] LOPES, Ana Carolina Brandão; MEIRELES, Thainá Soares Eduardo; DE SOUZA, Angela Marta. RELAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR COM A ENXAQUECA. Episteme Transversalis, v. 11, n. 3, 2020
  2. [2]EVCILI, Gökhan et al. Early and long period follow-up results of low glycemic index diet for migraine prophylaxis.  Agri, v. 30, n. 1, p. 8-11, 2018.
  3. [3]ARZANI, Mahsa et al. Gut-brain axis and migraine headache: a comprehensive review.  The journal of headache and pain , v. 21, n. 1, p. 1-12, 2020.
  4. [4] MAGHSOUMI-NOROUZABAD, Leila et al. Effects of omega-3 fatty acids on the frequency, severity, and duration of migraine attacks: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Nutritional Neuroscience, v. 21, n. 9, p. 614-623, 2018.
  5. [5] CARDIA, Luigi et al. Clinical use of omega-3 fatty acids in migraine: A narrative review. Medicine, v. 99, n. 42, 2020.
  6. [6] BURCH, Rebecca. Dietary omega 3 fatty acids for migraine. bmj, v. 374, 2021.
  7. [7] SONG, Tae-Jin et al. Effect of vitamin D deficiency on the frequency of headaches in migraine. Journal of Clinical Neurology, v. 14, n. 3, p. 366-373, 2018.
  8. [8]ZHANG, Yuan-feng et al. The Efficacy of Vitamin D supplementation for migraine: a meta-analysis of randomized controlled studies. Clinical Neuropharmacology, v. 44, n. 1, p. 5-8, 2021.
  9. [9]RAZEGHI JAHROMI, Soodeh et al. The association between dietary tryptophan intake and migraine. Neurological Sciences, v. 40, n. 11, p. 2349-2355, 2019.
  10. [10]PAROHAN, Mohammad et al. Effect of coenzyme Q10 supplementation on clinical features of migraine: A systematic review and dose–response meta-analysis of randomized controlled trials. Nutritional Neuroscience, v. 23, n. 11, p. 868-875, 2020.
  11. [11]DOLATI, Sanam et al. The role of magnesium in pathophysiology and migraine treatment. Biological trace element research, v. 196, n. 2, p. 375-383, 2020.

Bio Nestle