Melatonina, sono e saúde mental

A melatonina é um importante indutor de sono e sua suplementação pode trazer benefícios para pacientes com problemas para dormir, frequentemente observados na população mundial¹ e que também podem impactar na qualidade de vida e saúde mental. Entenda mais sobre os benefícios da suplementação de melatonina e doses usuais.

Sono e saúde mental

O sono é um processo fisiológico vital para o organismo, sendo responsável pela recuperação do organismo, controle emocional, criatividade, memória, raciocínio, entre outras funções como a secreção de hormônios. A qualidade do sono está diretamente ligada à qualidade de vida¹.

“É um dos 3 pilares inegociáveis no consultório (são eles: sono, alimentação e água). Independente do objetivo do paciente, o sono será essencial, mesmo que ele relate estar acostumado com dormir pouco ou ir dormir de madrugada.” explica a nutricionista Maiara Souza

Estima-se que a qualidade e duração de sono tenham sofrido prejuízos nas últimas décadas, em razão das demandas da vida moderna. É frequentemente observado na população mundial o sono de má qualidade ou com curta duração, menos que 8 horas¹. No Brasil, dados indicam que 65% dos brasileiros têm baixa qualidade do sono².

Quase metade dos adultos não mantém a duração do sono moderada (8 horas) ao longo da vida. Boa parte daqueles que mudam o tempo de sono passam a dormir menos, passando a se enquadrar em sono de curta duração (≤6 horas), o que é motivo de preocupação para a saúde¹.

Para que o sono aconteça, vários fatores em conjunto precisam acontecer, como: presença de fatores indutores do sono, regulação do ciclo circadiano, além de estilo de vida e hábitos alimentares adequados¹.

Entenda a seguir como a melatonina pode ajudar no processo.

Melatonina e sono

A melatonina é um dos indutores de sono existentes no organismo. É um hormônio produzido principalmente pela glândula pineal quando não há luz e atua como um sinalizador de iluminação no ambiente¹.

Suplementação de melatonina

A melatonina foi regulamentada como suplemento em outubro de 2021, no Brasil. É segura para tratamento de distúrbios do sono. Não apresenta toxicidade ou efeitos colaterais severos, nem dependência, mesmo em doses elevadas^3-5.

Doses usuais

A melatonina pode ser utilizada no tratamento de pacientes de várias idades, desde crianças a idosos. Quanto as dosagens, é importante considerar que a legislação brasileira permite a dose diária de 0,21mg^3-4.

Situações clínicas

Adultos que precisam melhorar sua qualidade do sono

Em adultos em geral, o tratamento com a suplementação de melatonina pode trazer efeitos positivos na qualidade do sono, conforme avaliação do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)⁵.

DPOC, distúrbios metabólicos e doenças neurodegenerativas

A melatonina pode auxiliar pacientes com problemas para dormir decorrentes de outras patologias. Por exemplo, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), é uma condição com efeitos sistêmicos consideráveis, incluindo problemas de sono e transtornos do humor. A suplementação de melatonina pode melhorar a qualidade do sono, humor e capacidade funcional neste grupo de pacientes^6-7.

Pacientes que apresentam distúrbios metabólicos, distúrbios primários do sono sem transtornos mentais, doenças neurodegenerativas, entre outras patologias, obtiveram sucesso na melhora da qualidade do sono com a melatonina exógena ⁷.

Transtornos psiquiátricos

A melatonina tem papel relevante no manejo do sono e distúrbios circadianos em transtornos psiquiátricos, como transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), já que é observado uma desregulação na secreção de melatonina nestes quadros. Sendo assim, o suplemento pode auxiliar na correção do sono ⁷.

Para que o uso da suplementação de melatonina seja eficaz nestes casos, é preciso considerar a dosagem apropriada e o tempo de administração. Estas devem ser individualizadas de acordo com cada anormalidade individual do sono e dos ritmos circadianos⁷. Importante considerar que para uma boa qualidade do sono, são necessárias algumas medidas comportamentais que podem contribuir para o efeito da melatonina, tais como: evitar exposição a luminosidade excessiva próximo ao horário do sono, evitar bebidas estimulantes, manter uma temperatura ambiental adequada, entre outros.

“A saúde mental pode ser prejudicada com poucas horas de sono, afinal o nosso corpo precisa descansar e se recuperar para um próximo dia, tanto física quanto mentalmente. Especialmente com o aumento de casos de burnout, as pessoas estão trabalhando mais e dormindo menos, ou quando dormem o sono é superficial e não reparador. Isso afeta tanto perda de peso, como ganho de massa como cognição, raciocínio, saúde mental, pele, envelhecimento. Honestamente é difícil encontrar algo que não é afetado pela baixa qualidade de sono.” conclui a nutricionista Maiara.

A suplementação de melatonina está sendo vista como terapia adjuvante em diversas condições, até mesmo, no controle do excesso ponderal. Por favorecer a qualidade do sono, repercute no tempo de alimentação, controle do ritmo circadiano alimentar e manejo da resistência à insulina em portadores de excesso de gordura corporal⁸.

Referências: