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cacau e chocolate

Cacau e Chocolate: Benefícios para a Saúde e o Prazer do Comer Afetivo

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Poucos alimentos conseguem agradar tanto o paladar brasileiro quanto o chocolate. No entanto, apesar de sua ampla popularidade, saborear uma barra de chocolate sempre representou um prazer indulgente, frequentemente ligado a padrões alimentares menos saudáveis.

Com o passar do tempo, essa perspectiva tem experimentado transformações significativas, especialmente quando consideramos a relação do chocolate com o comer afetivo. Além disso, diversos estudos têm apontado certos benefícios quando seu consumo é moderado, especialmente em associação com a presença do cacau 1.

Nessa matéria exploramos o universo do cacau e do chocolate, desvendando não somente a relação do comer afetivo, mas também os benefícios que podem oferecer à nossa saúde quando desfrutados de maneira consciente e equilibrada.

AS PROPRIEDADES DO CHOCOLATE

Existem diversas composições de chocolate, sendo o cacau o elemento crucial que determina suas propriedades. Com suas características e nuances, o cacau confere não apenas sabor, mas também textura, aroma e até mesmo benefícios à saúde. A quantidade de cacau presente em uma composição de chocolate pode influenciar diretamente na intensidade do sabor.

O cacau, é a semente gordurosa seca e totalmente fermentada do fruto do cacaueiro, o Theobroma cacao2. A partir dos grãos de cacau, passando por vários processos de transformação, é possível produzir diferentes tipos de chocolates além de outros ingredientes, como por exemplo o cacau em pó.

Processos do chocolate
Adaptado de Montagna et al. (2019).

Após a torrefação e descascamento dos grãos de cacau, nós temos o nibs de cacau, que têm se tornado popular como um ingrediente versátil para consumo em várias receitas.

Uma vez moídos e refinados, os nibs de cacau se transformam em licor de cacau, sendo misturados com uma variedade de ingredientes para criar os diferentes tipos de chocolates, como o amargo, ao leite e o branco3. A quantidade de licor de cacau presente na composição final é um fator que influencia a intensidade da coloração do chocolate4>.

Tipos de chocolates
Fonte: Katz et al. (2011).

A massa de cacau também é rica em nutrientes contendo minerais como potássio, fósforo, cobre, ferro, zinco e magnésio6,7 que potencializam os benefícios do chocolate à saúde. Apesar da presença dos estimulantes cafeína e teobromina, o chocolate também contém ácido valérico, que pode atuar como um agente redutor de estresse8.

Outro ponto que tem sido alvo de estudos são compostos polifenólicos, presentes no cacau, que é rico em flavonoides, como as catequinas, antocianidinas e pró-antocianidinas9,10. Acredita-se que esses compostos, derivados principalmente dos grãos de cacau, desempenhem um papel importante nos benefícios associados ao consumo de chocolate.

LEIA TAMBÉM: O poder dos flavonoides na alimentação dos pacientes.

Esses compostos têm sido associados à regulação da pressão arterial e dos perfis lipídicos. Alguns estudos sugeriram que o consumo de chocolates mais amargos pode estar relacionado à auxiliar na redução do risco de eventos cardiometabólicos.11,12 Além dos potenciais efeitos benéficos para a saúde cardiovascular, estudos clínicos têm relatado melhorias na cognição em indivíduos que consomem chocolate com alto teor de cacau 13.

É importante mencionar que nem todos os produtos à base de cacau têm os mesmos benefícios para a saúde. O teor de cacau e a quantidade de açúcar adicionado em produtos como o chocolate podem variar significativamente.

É POSSÍVEL TER UM CONSUMO SAUDÁVEL DE CHOCOLATE NO DIA A DIA?

Alguns estudos defendem a ingestão moderada de chocolate, principalmente o amargo, em aproximadamente dois a três quadradinhos por dia. No entanto, uma avaliação importante ao consumo de chocolate para que se obtenha seus benefícios terapêuticos é em relação a sua composição, como a quantidade de açúcar e gorduras17.

Para compensar as calorias adicionais, é recomendado estimular a atividade física diária ter uma dieta equilibrada em relação as calorias, além do consumo equilibrado de outras gorduras, doces ou carboidratos, a fim de prevenir a obesidade e os riscos metabólicos e cardiovasculares associados a ela14.

CHOCOLATE E O COMER AFETIVO

O chocolate é frequentemente associado ao comer afetivo devido à sua ligação, muitas vezes, com sentimentos de prazer e bem-estar. O ato de comer chocolate pode estar ligado a emoções positivas, conforto emocional e momentos de indulgência.

Existem várias razões pelas quais o chocolate é considerado um alimento afetivo. Como já mencionado o chocolate é rico em compostos bioativos, como a teobromina e a feniletilamina, que podem estimular a liberação de substâncias como a serotonina, um neurotransmissor com ação calmante, quem também pode estar associado a sensações de prazer e felicidade, contribuindo para a sensação de bem-estar experimentada ao comer chocolate 15,16.

Além disso, o chocolate também pode trazer recordações e boas memórias de infância. Muitas pessoas guardam lembranças de chocolate relacionadas a momentos especiais, como receber um chocolate como presente, tomar um chocolate quente em um dia frio, comer de sobremesas de chocolate em ocasiões específicas e familiares, entre outros momentos. Essas associações emocionais podem influenciar a preferência pelo chocolate como um alimento afetivo18.

O ato de comer afetivo envolve a relação emocional que estabelecemos com a comida. Muitas vezes, o chocolate está no centro desse comportamento, sendo escolhido como uma forma de conforto e prazer.

É importante ter em mente que o consumo afetivo de chocolate deve ser equilibrado, pois o consumo excessivo pode acarretar consequências negativas para a saúde.

Nesse contexto, o papel do nutricionista se torna fundamental, pois ele pode orientar sobre o consumo adequado de chocolate, ajudar na escolha das melhores opções disponíveis no mercado e esclarecer que o consumo moderado de chocolate, dentro de uma dieta equilibrada, é perfeitamente possível sem a necessidade de abrir mão desse alimento tão apreciado e popular no Brasil.

por SPRIM Brasil

Referências:

  1. [1]Dillinger TL. Barriga P. Escarcega S. Jimenez M. Salazar Lowe D. Grivetti LE. Alimento dos deuses: cura para a humanidade? Uma história cultural do uso medicinal e ritual do chocolate. J Nutr. 2000; 130 :2057S–7072S.
  2. [2]McShea A. Leissle K. Smith MA. A essência do chocolate: um segredo rico, escuro e bem guardado. Nutrição. 2009; 25 :1104–1105.
  3. [3] Fundação Mundial do Cacau. Como é feito o chocolate. [10 de janeiro de 2010]. www.worldcocoafoundation.org/learn-about-cocoa/tree-to-table/how-chocolate-is-made.asp [Lista de referência ].
  4. [4]Bracco U. Efeito da estrutura dos triglicerídeos na absorção de gordura. Am J Clin Nutr. 1994; 60 :1002S–1009S.
  5. [5]American Dietetic Association. Chocolate: facts and fiction. Nutrition fact sheet. Chicago, Ill: American Dietetic Association Foundation; 2000.
  6. [6]Ashton J, Ashton S. Why chocolate is a health food. In: A Chocolate a Day: Keeps the Doctor Away. New York, NY: Thomas Dunne Books/St. Martin’s Press; 2003:39-52.
  7. [7]Ashton J, Ashton S. The best food for mood. In: A Chocolate a Day: Keeps the Doctor Away. New York, NY: Thomas Dunne Books/St. Martin’s Press; 2003:26-38.
  8. [8]Arts IC. van de Putte B. Hollman PC. Catechin contents of foods commonly consumed in The Netherlands. 1. Fruits, vegetables, staple foods, and processed foods. J Agric Food Chem. 2000;48:1746–1751.
  9. [9]Arts IC. van de Putte B. Hollman PC. Catechin contents of foods commonly consumed in The Netherlands. 1. Fruits, vegetables, staple foods, and processed foods. J Agric Food Chem. 2000;48:1746–1751.
  10. [10]Larsson S.C., Akesson A., Gigante B., Wolk A. Chocolate consumption and risk of myocardial infarction: A prospective study and meta-analysis. Heart. 2016;102:1017–1022. doi: 10.1136/heartjnl-2015-309203.
  11. [11]Yuan S., Li X., Jin Y., Lu J. Chocolate consumption and risk of coronary heart disease, stroke, and diabetes: A meta-analysis of prospective studies. Nutrients. 2017;9:688. doi: 10.3390/nu9070688.
  12. [12]Lamport D.J., Christodoulou E., Achilleos C. Beneficial Effects of Dark Chocolate for Episodic Memory in Healthy Young Adults: A Parallel-Groups Acute Intervention with a White Chocolate Control. Nutrients. 2020;12:483. doi: 10.3390/nu12020483.
  13. [13]Latif R. Chocolate/cocoa and human health: a review. Neth J Med. 2013 Mar;71(2):63-8. PMID: 23462053.
  14. [14]Walcutt DL, Chocolate and Mood Disorders. PsychCentral; 2009. Available at: http://psychcentral.com/blog/archives/2009/04/27/ chocolate-and-mood-disorders/. Accessed on October 18, 2012.
  15. [15]Benton D, Donohoe RT. The effects of nutrients on mood. Public Health Nutr. 1999;2:403-9.
  16. [16]MONTAGNA, Maria Teresa et al. Chocolate, “Food of the Gods”: history, science, and human health. International Journal Of Environmental Research And Public Health, [S.L.], v. 16, n. 24, p. 4960, 6 dez. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/ijerph16244960.
  17. [17]COSTA, Ruth Rufino; TAVARES, José Filipe. Comfort food como estratégia de fortalecimento social emocional em idosos institucionalizados. Diálogos em Saúde, v. 2, n. 2, 2021.
  18. [18]KATZ, David L. et al. Cocoa and Chocolate in Human Health and Disease. Antioxidants & Redox Signaling, [S.L.], v. 15, n. 10, p. 2779-2811, 15 nov. 2011. Mary Ann Liebert Inc. http://dx.doi.org/10.1089/ars.2010.3697.

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