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Comida afetiva

Comfort food: saiba como a comida e a memória afetiva pode ajudar na nutrição

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Cada vez mais, o comfort food, por conta da importância da memória afetiva, tem sido associado com a boa nutrição e sucesso na adesão de planos alimentares, seja em consultório, ou até mesmo no atendimento de idosos hospitalizados. Visto isso, o tema ganhou atenção não só da gastronomia, mas também da comunidade científica. Descubra como pode auxiliar você, nutricionista, e seus pacientes.

Comida afetiva: como a comida nos afeta

Comida também é prazer, comunidade, família, espiritualidade, relacionamento com o mundo natural e é expressão de nossa identidade. É imprescindível considerar a história de cada um e a sua relação afetiva com o comer a fim de otimizar a sua adequada ingestão alimentar1.

O alimento pode ativar os cinco sentidos, e vai além, acessando nossas emoções e memória2.

O que é memória afetiva?

A comida tem o potencial de aflorar sabores esquecidos e revisitar lembranças carregadas de sentimentos. Esta memória afetiva está presente especialmente em pratos considerados marcantes na vida de um indivíduo2.

A memória é um componente indispensável que une a trajetória de vida de pessoas e alimentos. O sabor é um disparador de memórias que pode funcionar como uma forma de matar saudades de casa, dos familiares, de bons momentos na infância, e de outros tempos mais felizes. Por isso, pode ser lida como um canal de afeto ou como uma barreira social e deve ser analisada como tal3.

O movimento do comfort food estuda o vínculo da memória afetiva aos aspectos sensoriais de um alimento ou refeição4. Entenda mais a seguir e veja como aplicar nas suas consultas.

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Comfort food: comida que traz conforto

Comfort food ou comida de conforto pode ser definido como momento de aconchego e bem-estar durante a alimentação. É um conceito que aborda o lado afetivo que o alimento pode transmitir ao ser ingerido1.

Parte-se do princípio de que as características nutricionais, emocionais e sociais dos alimentos, aliadas à execução gastronômica, pode auxiliar na maior aceitação dos alimentos. Tal hipótese foi confirmada em estudo com idosos hospitalizados, onde o uso de comfort food foi uma excelente estratégia 1.

Para a nutricionista Gabriella Oliveira: “O comfort food nos ajuda de diversas maneiras e é importante pensar que o nome diz tudo: é uma comida que abraça, que deve ser saboreada/aproveitada”.

Durante a pandemia, foi observado um aumento da procura por comfort food, descritas como comidas que “abraçam”, dão conforto, consolam. As reportagens de jornais descrevem esse fenômeno como a procura por sobremesas simples, com cara de bolo da vovó. A busca por bolos simples, como o bolo de cenoura e bolo de banana subiram bastante, visto sua importância na memória afetiva dos brasileiros5.

O ato de se alimentar oferece uma sensação de bem-estar, os alimentos promovem algum tipo de conforto psicológico, especificamente emocional4.

Conforme o crescimento e o amadurecimento, os hábitos alimentares podem ser modificados, mas a memória do aprendizado alimentar permanece em nossa consciência por toda a vida. Por exemplo, no caso de pacientes veganos é importante contemplar comidas afetivas na reconstituição de seus hábitos alimentares2. O mesmo pode ser aplicado em outras situações para ajustar a necessidade nutricional de um adulto.

Ainda que os ingredientes dos pratos possam mudar, a comida não perde a carga emocional. Dessa maneira, por meio de uma releitura de pratos, certas demandas simbólicas relacionadas ao alimento podem ser supridas. Pratos tradicionais da infância/tempos felizes, despertam sensações e memórias; criam laços e nos levam a uma identificação com o universo familiar e comunitário2.

A alimentação é fundamental na vida de todos os seres, porém, tanto o excesso de alimentos quanto sua falta trazem sérios prejuízos para o organismo⁴. Com isso, a comida afetiva, que muitas vezes é chamada de comfort food, também deve ser considerada pelo nutricionista no momento da orientação.

“Hoje em dia, o tabu de não pode comer isso, não pode comer aquilo está cada vez maior e faz com que o paciente se restrinja tanto a ponto de não aguentar mais e quando vê, já comeu demais. Todo dia é um alimento diferente que acaba caindo no terrorismo nutricional.” explica Gabriella.

A nutricionista dá uma dica aos outros colegas: “O profissional que entende que seu paciente é um ser humano, que nem você, e que pode comer o comfort food equilibradamente, acaba tendo um resultado bem mais bacana e mais rápido.”

“O paciente entende que nada é proibido e tudo é uma questão de bom senso e quantidade. Hoje em dia, eu vejo que abrir o leque e explicar para o paciente que ele pode comer o que está com vontade (de forma equilibrada, claro), faz com que ele consiga inserir tudo o que é passado em consulta para ter um estilo de vida mais saudável.” complementa Oliveira.

Por este motivo, trazer opções no cardápio do paciente que respeitem sua cultura, história e preferências, é fundamental. Até mesmo receitas adaptadas, sem açúcar, podem trazer benefícios. Então, a dica final da nutricionista clínica é dialogar e chegar num acordo com seu paciente, até mesmo, para combinar uma quantidade de comfort food que seja bacana.”

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por SPRIM Brasil

Referências:

  1. [1]COSTA, Ruth Rufino; TAVARES, José Filipe. Comfort food como estratégia de fortalecimento social emocional em idosos institucionalizados. Diálogos em Saúde, v. 2, n. 2, 2021.
  2. [2]ALTOÉ, Isabella; MENOTTI, Gabriel; AZEVEDO, Elaine de. Comida e afeto: As releituras dos pratos-totem na culinária vegana. RBSE Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 18, n. 52, p. 129-138, 2019.
  3. [3] ALTOÉ, Isabella; DE AZEVEDO, Elaine. Entre ingredientes, cozinhas e afetos: aspectos socioculturais de uma vida dedicada à comida. Revista Ingesta, v. 2, n. 1, p. 251-273, 2020.
  4. [4]GIMENES-MINASSE, M. H. S. G. Comfort food: sobre conceitos e principais características. Contextos da Alimentação–Revista de Comportamento, Cultura e Sociedade, v. 4, n. 2, p. 92-102, 2016.
  5. [5]DE OLIVEIRA SANTOS, Miriam; DE SOUZA, Juliana Borges. Comida como afeto, conforto e refúgio: entendendo o ato de comer em tempos de pandemia. Revista de Alimentação e Cultura das Américas, v. 2, n. 2, p. 135-150, 2020.

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