Sorry, you need to enable JavaScript to visit this website.
Microbiota: o intestino no centro das atenções

Microbiota: o intestino no centro das atenções

Compartilhar

Por que as bactérias intestinais ganharam os holofotes da ciência.

“Todas as doenças começam no intestino.” A professora Renata Juliana da Silva – doutora em ciências morfofuncionais, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP) e coordenadora do curso técnico em Nutrição e Dietética Integrado ao Ensino Médio - ETEC Uirapuru – usa a frase do chamado pai da medicina, Hipócrates de Kos (460 a.C.- 370 a.C), para comentar o motivo de a microbiota intestinal, especialmente a encontrada no cólon, ganhar os holofotes da ciência.

O elo com a inflamação é muito investigado. Já se sabe que a composição bacteriana interfere com a produção de citocinas pró-inflamatórias, o que pode contribuir para o aumento ou redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis. A relação com a obesidade[1][2] também é uma das mais esmiuçadas nos laboratórios de vários cantos do planeta.

Juliana Tieko Kato, nutricionista e doutoranda do Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular, da disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conta que o interesse pelo assunto aumentou em 2006, quando estudos mostraram diferenças na microbiota de indivíduos magros e obesos. “Observou-se uma distinção na concentração dos filos bacterianos”, diz.

Naquele período, surgiram as primeiras evidências de que a microbiota de obesos apresenta maior concentração de Firmicutes e menor de Bacteroidetes.

Também foi em 2006 que um trabalho sobre a capacidade de armazenamento de energia, divulgado no periódico Nature,[3] estampou várias manchetes no mundo todo. “Os estudos publicados até o momento, tanto em animais quanto em humanos, mostram que a dieta é um fator que afeta a microbiota intestinal”, aponta a nutricionista Camila Guazzelli Marques, doutoranda pelo Departamento de Psicobiologia, da Unifesp, e que trabalha com microbiota intestinal, intervenções dietéticas e obesidade.

Um experimento clássico, realizado com camundongos no Centro de Ciência do Genoma, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, revelou que uma alimentação com alto teor de gorduras e açúcares favorece o aumento das Firmicutes e reduz a quantidade de Bacteroidetes. Já o cardápio rico em fibras produz o efeito contrário.[4]

Leia também: Microbiota: impactos na saúde e A ciência de olho na microbiota .

Referências:

  1. Clarke SF, Murphy EF, Nilaweera K, Ross PR, Shanahan F, O’Toole PW, Cotter PD. The gut microbiota and its relationship to diet and obesity. Gut Microbesdoi. 2012. Disponível em: [https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3427212/]
  2. Brignardello J, Morales P, Diaz E, Romero J, Brunse O, Gotteland M. Pilot study: alterations of intestinal microbiota in obese humans are not associated with colonic inflammation or disturbances of barrier function. Alimentary Pharmacology & Therapeutics. 2010. Disponível em: [https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1365-2036.2010.04475.x]
  3. Turnbaugh PJ, Ley RE, Mahowald MA, Magrini V, Mardis ER, Gordon JI. An obesity-associated gut microbiome with increased capacity for energy harvest. Nature. 2006. Disponível em: [https://www.nature.com/articles/nature05414]
  4. Goodman AL, Kallstrom G, Faith JJ, Reyes A, Moore A, Dantas G, Gordon JI. Extensive personal human gut microbiota culture collections characterized and manipulated in gnotobiotic mice. Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). 2011. Disponível em: [https://www.pnas.org/content/108/15/6252.long#sec-2]

Bio Nestle