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 Imagem vista de cima de uma mesa com alimentos restritos para pessoas com intolerância ao glúten.

A diferença entre alergia, intolerância ao glúten e doença celíaca

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Atualizado em  novembro 2023

A intolerância ao glúten pode provocar sintomas que passam despercebidos pela maioria das pessoas, fazendo com que ela não seja nem diagnosticada.

Com o avanço das redes sociais, as pessoas conseguem ter muito acesso à informações, conteúdos sobre alimentação, mas em contrapartida, a população nunca esteve tão perdida sobre o que comer.

A cada momento, surge um novo “problema” alimentar, como o glúten ou a lactose, e as ‘regras” sobre o que comer se multiplicam. Essa sobrecarga de informações leva muitos indivíduos a deixarem de compreender quais são as verdadeiras necessidades alimentares comprovadas cientificamente e o que é apenas uma tendência passageira.

Pensando nisso, juntamos neste conteúdo as principais diferenças entre intolerância ao glúten, alergia ao glúten e doença celíaca. Boa leitura!

O que é o glúten?

O glúten é uma família de proteínas de armazenamento, conhecidas como prolaminas, que são encontradas naturalmente em certos grãos, como trigo, cevada e centeio.

Muitas prolaminas se enquadram no guarda-chuva do glúten, mas são mais identificadas pelos grãos específicos em que são encontradas.

Por exemplo, as gluteninas e as gliadinas são as prolaminas do trigo, as secalinas são encontradas no centeio e as hordeínas são encontradas na cevada - apenas uma ilustração para que fique mais claro, afinal, são muitas.

Nos alimentos, o glúten tem uma função tecnológica que permite textura macia e mastigável a uma variedade de receitas. Por exemplo, no pão, as proteínas do glúten garantem o crescimento adequado, mantendo a umidade e maciez da receita.

Devido a essas propriedades físicas únicas, o glúten também é frequentemente adicionado a alimentos processados para melhorar a textura e promover a retenção de umidade.

Ele faz parte da alimentação do brasileiro através do consumo de ultraprocessados que possuem glúten de forma direta ou indireta através da contaminação cruzada na produção. Mas será que todo alimento rico em glúten faz mal?

Qual a diferença entre doença celíaca e intolerância ao glúten?

Vamos entender a diferença entre doença celíaca, alergia ao glúten e intolerância ao glúten. O primeiro caso é uma doença autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico do paciente acaba atacando as células saudáveis, o que gera um processo inflamatório.

Essa reação gera diarreia, gases, dores, distensão abdominal e enxaqueca. Com os quadros de diarreia crônicos, o paciente acaba tendo prejuízos no longo prazo, com queixas que podem variar desde anemia, até uma osteoporose.

A alergia ao glúten difere por ser uma reação exagerada e aguda, ou seja, imediata e de curto prazo, causada por uma proteína específica presente no grão. Os sintomas podem se assemelhar com outras reações alérgicas, como rinite ou urticária.

Este tipo de processo alérgico é mais característico na infância, não tem tratamento específico, a não ser evitar o contato com alimentos que contenham glúten.

E por fim, a intolerância ao glúten, também conhecida como sensibilidade ao glúten não-celíaca, apresenta características muito semelhantes à doença celíaca. Porém, não há uma relação direta com um anticorpo específico. Por esse motivo, essa é a doença de diagnóstico mais difícil.

Quais são os sintomas de quem tem intolerância ao glúten?

Quando pensamos em diagnóstico, antes de sair excluindo alimentos e produtos da sua vida, observe a recorrência dos sinais e sintomas da doença celíaca e intolerância são muito parecidos.

Sendo possíveis dores abdominais, diarreia, gases, dores de estômago, indigestão, náuseas, dores de cabeça, coceira e irritação na pele.

A partir de uma recorrência, é interessante procurar um nutricionista junto a um médico para entender se é uma intolerância ou se é alguma disfunção relacionada à sua digestão, como um quadro de disbiose, intoxicação alimentar, entre outros.

A partir dessa consulta, o profissional pode observar a correlação dos sinais e sintomas e encaminhar o paciente para o autoteste. O autoteste vende em farmácia, e consiste em mensurar, a partir de uma gota de sangue, os anticorpos específicos para a doença e que são responsáveis pelo processo inflamatório do intestino.

Fiz o teste e tenho o diagnóstico, como deve ser minha dieta?

É importante ter em mente que a exclusão do glúten se faz necessária, assim como a inclusão de estratégias que restabeleçam a integridade da mucosa intestinal desse paciente, estratégias anti-inflamatórias e antioxidantes.

Como estratégia de restabelecimento de mucosa intestinal, é aconselhado a suplementação de glutamina, assim como probióticos para reequilíbrio desse microbiota local.

A partir desse restabelecimento de mucosa, é importante garantir substratos adequados para que sejam utilizados como “alimento” dessas bactérias intestinais, deixando em equilíbrio as bactérias boas e ruins.

Esse equilíbrio das bactérias intestinais melhora a digestão desse paciente, assim como a absorção dos macro e micronutrientes. Vale lembrar que as quantidades de bactérias e as cepas utilizadas devem ser indicadas individualmente, através do atendimento personalizado.

Como estratégias anti-inflamatórias é interessante o consumo de frutas, legumes e verduras, diminuir o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, aumento da hidratação, consumo de gorduras fontes de ômega 3 e 9 e diminuição do consumo de álcool.

Essas estratégias diminuirão essa inflamação de baixo grau, além de contribuírem para uma prevenção da volta dos sintomas.

Quanto às alternativas para as opções ricas em glúten, o mercado sem glúten avançou muito e existem inúmeras opções, tanto prontas de bolos e preparações convencionais, quanto as opções de substituto para fazer em casa.

Algumas das opções mais indicadas são: farinha de arroz, trigo sarraceno, farinha de amêndoas, entre outros. Sempre é válido frisar que mesmo o alimento/produto sem glúten, eles contêm calorias e macronutrientes, portanto, o consumo deve ser moderado e alinhado com a necessidade calórica e nutritiva do paciente.

Outro ponto importante a ser avaliado quanto ao consumo é a segurança alimentar. Dependendo do grau de intolerância ou alergia ao glúten, o paciente não tolera nem traços de glúten, que possam ter em um produto livre de glúten nos ingredientes, mas que passou por uma produção industrial que continha glúten.

Esse tipo de contaminação é o que chamamos de contaminação cruzada, e acontece quando um produto é produzido em um mesmo local (indústria) ou estabelecimento (restaurante) que contêm glúten em sua preparação. É importante se certificar antes do consumo.

É possível entender que existem várias ferramentas para o manejo dietético sem glúten, desde que orientado de forma correta e personalizada. A substituição do glúten como ingrediente vital em vários produtos alimentícios não é simples.

No entanto, a qualidade dos produtos sem glúten muitas vezes não é comparável aos produtos que contêm glúten.

Mas, esforços devem ser dedicados a uma abordagem mais racional que visa relembrar o paciente do quão é custoso para sua qualidade de vida conviver com sinais e sintomas da doença ativa.

Os benefícios percebidos para a saúde e o alívio dos sintomas adversos da dieta influenciam as decisões individuais de abster-se do glúten.

Por isso, é de extrema importância o profissional da área da saúde estar atualizado para os questionamentos que podem ser levantados por esse público, a fim de educá-los da melhor forma possível, trazendo ciência e evidência para a prática clínica, assim como o suporte necessário para uma dieta que requer motivação e alternativas constantes.

Se você gostou do conteúdo, aproveite outros artigos sobre saúde e alimentação no blog do QBemQFaz!


Perguntas frequentes

Como saber se uma pessoa tem intolerância a glúten?

O diagnóstico é feito através de um exame, porém, você pode sentir um desconforto ao consumir alimentos que contenham glúten. Sendo possíveis sintomas: dores abdominais, diarreia, gases, dores de estômago, indigestão, náuseas, dores de cabeça, coceira e irritação na pele.

Referências

Doença celíaca. Ministério da Saúde, 2020.

A Review on the Gluten-Free Diet: Technological and Nutritional Challenges. National Library of Medicine, 2018.

What Is Gluten? Common Foods, Conditions, and More. Healthline, 2023.

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